De FRS a DFSR: A evolução da replicação de arquivos e sua importância para os negócios
Em um mundo cada vez mais conectado, a continuidade dos serviços e a integridade das informações são pilares para a operação de qualquer empresa. Não importa o tamanho do negócio: desde uma pequena empresa com uma única filial até grandes corporações globais, a forma como os dados são distribuÃdos e replicados impacta diretamente na produtividade e na segurança.
Dentro do ecossistema Microsoft, essa jornada evolutiva começa com o FRS (File Replication Service), passa pela criação do DFS (Distributed File System) e se consolida com o DFSR (Distributed File System Replication). Mas afinal, o que cada um desses recursos trouxe de valor para o mercado?
Entenda que por diversas vezes, uma mesma empresa precisou evoluir sua infraestrutura sem refaze-la do zero, ou seja, veio evoluindo à partir do Windows Server 2003 até o atual Windows Server 2022 ou Windows Server 2025 (sim isso é possÃvel, pensando em controladores de domÃnio).
FRS – O inÃcio da replicação de dados
Lançado no Windows 2000, o File Replication Service (FRS) foi o primeiro grande passo para permitir que empresas replicassem informações crÃticas de forma automática. Seu papel mais conhecido era replicar a pasta SYSVOL, que contém scripts de logon e polÃticas de grupo essenciais para o funcionamento de um domÃnio corporativo.
No entanto, o FRS carregava limitações que, para a realidade atual, seriam impeditivas: ele replicava arquivos inteiros, consumindo muita banda de rede, além de apresentar baixa resiliência em cenários com múltiplos sites.
DFS – Organização e centralização
Na mesma época, surge o Distributed File System (DFS), uma solução que não apenas cuidava de replicação, mas oferecia algo fundamental para os negócios: organização lógica de dados.
Com o DFS, as empresas podiam criar um caminho único de acesso a pastas espalhadas em diferentes servidores, algo como \\empresa.com\Documentos
. Isso trouxe:
-
Facilidade para os usuários, que não precisavam mais decorar caminhos diferentes.
-
Maior flexibilidade para o TI, que poderia reorganizar dados sem impactar o dia a dia das equipes.
O DFS foi, e ainda é, um grande aliado para melhorar a experiência de uso e a governança de dados.
DFSR – Eficiência e alta disponibilidade
Podemos dizer que a Microsoft deu um salto de qualidade ao lançar o DFSR (Distributed File System Replication). Essa tecnologia corrigiu os problemas do FRS e se consolidou como padrão:
-
Replicação baseada em blocos com compressão, economizando banda de rede.
-
Maior resiliência a falhas.
-
Replicação multimaster, onde qualquer servidor pode ser origem e destino de mudanças.
Para os negócios, isso se traduz em continuidade operacional e redução de custos. Imagine uma empresa com filiais em diferentes cidades: se um servidor de arquivos em uma unidade falhar, os dados já estarão replicados em outro servidor, pronto para assumir a operação.
Além disso, como o FRS foi oficialmente descontinuado, o DFSR não é apenas a melhor escolha, mas também um requisito para ambientes que rodam Windows Server 2019, 2022 e 2025.
Impacto direto nos negócios
Para quem está na liderança de uma organização, esses nomes técnicos podem parecer distantes, mas os impactos são claros:
-
Redução de riscos: garante que polÃticas de segurança e acessos estejam sempre sincronizados.
-
Economia de recursos: menos banda de rede consumida e menos retrabalho para equipes de TI.
-
Alta disponibilidade: mesmo em caso de falhas, os dados permanecem acessÃveis.
-
Conformidade e governança: dados mais organizados e controlados, um requisito fundamental em tempos de LGPD.
Fato
O caminho do FRS para o DFSR não é apenas uma evolução tecnológica, mas sim um reflexo da necessidade crescente das empresas de manterem dados confiáveis, acessÃveis e seguros. Para o negócio, isso significa agilidade, resiliência e competitividade em um mercado onde cada minuto de indisponibilidade pode representar perdas financeiras e de reputação.
Em resumo: se sua empresa ainda depende de tecnologias legadas como o FRS, migrar para o DFSR não é apenas uma atualização — é um passo estratégico para garantir a continuidade e a segurança do negócio.
Vale a pena ler a doc oficial https://learn.microsoft.com/pt-br/training/modules/active-directory-domain-services-migration/3-upgrade-previous-version-of-active-directory-domain-services
Agora abaixo vamos olhar detalhadamente cada um dos protocolos.
1. FRS (File Replication Service)
-
O que é: Serviço legado usado no Windows 2000/2003 para replicação de SYSVOL e pastas de arquivos em domÃnios.
-
Função principal: Replicar o SYSVOL (scripts de logon, polÃticas de grupo) entre os controladores de domÃnio.
-
Limitações:
-
Lento e ineficiente em redes grandes.
-
Replicação baseada em arquivos inteiros (se um arquivo de 100 MB mudava 1 KB, ele replicava o arquivo inteiro).
-
Pouca resiliência a falhas de rede.
-
-
Situação atual: Descontinuado.
-
Windows Server 2008 introduziu o DFSR para SYSVOL.
-
Windows Server 2019+ não suporta mais FRS.
-
2. DFS (Distributed File System)
-
O que é: Serviço que organiza pastas de rede distribuÃdas em espaços de nomes únicos, como se fosse uma estrutura de diretórios centralizada.
-
Componentes:
-
DFS Namespaces (DFSN):
-
Cria um espaço de nomes lógico (ex.:
\\dominio.local\Publico
), que pode apontar para vários servidores/backends. -
Melhora a usabilidade e abstrai a localização fÃsica dos dados.
-
-
DFS Replication (DFSR):
-
Replicação de dados entre múltiplos servidores para alta disponibilidade.
-
-
-
Cenários tÃpicos:
-
File shares unificados para usuários (mesmo caminho acessÃvel em várias filiais).
-
Redundância e tolerância a falhas de servidores de arquivos.
-
3. DFSR (Distributed File System Replication)
-
O que é: Mecanismo moderno de replicação, sucessor do FRS.
-
Usado para:
-
Replicação de SYSVOL entre DCs (desde Windows Server 2008).
-
Replicação de pastas DFS em servidores de arquivos.
-
-
Vantagens sobre FRS:
-
Replicação baseada em blocos de arquivos (usa o algoritmo RDC – Remote Differential Compression).
-
Só replica as diferenças, economizando banda e tempo.
-
-
Melhor tolerância a falhas de rede.
-
Replicação multimaster (todos podem atualizar e replicar).
-
Compressão de dados replicados.
-
-
Situação atual:
-
É o único método suportado para SYSVOL em Windows Server 2019/2022/2025.
-
Recomendado também para replicação de pastas DFS.
Migração do SYSVOL de FRS para DFSR
Pré-requisitos
-
Todos os DCs devem estar online, sincronizados e sem erros de replicação (
dcdiag
,repadmin /replsummary
). -
Backup do SYSVOL e do Active Directory (System State).
-
O nÃvel funcional do domÃnio deve ser pelo menos Windows Server 2008.
Estados do DFSRMIG
O comando dfsrmig /setglobalstate
define o estado global da migração.
O dfsrmig /getglobalstate
confirma o estado atual.
O dfsrmig /getmigrationstate
mostra se todos os DCs já aplicaram o estado.
Estado | Valor | Descrição |
---|---|---|
Start | 0 | SYSVOL replicado via FRS (estado inicial). |
Prepared | 1 | DFSR é configurado em paralelo, mas FRS ainda serve o SYSVOL. |
Redirected | 2 | SYSVOL já servido via DFSR; FRS ainda mantém cópia. |
Eliminated | 3 | SYSVOL replicado apenas via DFSR; FRS removido. (estado final desejado). |
Etapa 1 – Confirmar estado atual
-
Esperado:
Etapa 2 – Preparar (Prepared State)
-
Aguarde até todos os DCs reportarem "Prepared".
-
Verifique o log do DFSR em
Event Viewer → Applications and Services Logs → DFS Replication
.
Etapa 3 – Redirecionar (Redirected State)
-
Agora o SYSVOL já é servido pelo DFSR.
-
O FRS ainda mantém os dados, como fallback.
-
Confirme que a pasta SYSVOL está compartilhada e acessÃvel.
Etapa 4 – Eliminar (Eliminated State)
-
O serviço FRS é desabilitado e removido.
-
Apenas DFSR replica o SYSVOL.
-
Estado final esperado:
Validações finais
-
Verifique se a pasta SYSVOL está em
C:\Windows\SYSVOL_DFSR
nos DCs. -
Rode:
→ O compartilhamento
SYSVOL
deve estar ativo. -
Verifique replicação com:
-
Confira logs em Event Viewer → DFS Replication (eventos 8017 e 8019 indicam sucesso).
Após isso, o domÃnio está totalmente migrado para DFSR.
Se algum DC ficar preso em estado anterior, investigue com dfsrdiag pollad
e dfsrdiag replstate
.